Cada pedacinho de encontro torna visível a imensidão de um mar que nos envolve de dança corpo-palavra. Mágica que aos poucos faz o corpo compreender como dançar junto.
Nossa aula de ballet encantado tem sido assim, com o gesto convocando a dança do imaginário. Começamos acolhendo o corpo-criança que vem contar o que ganhou da sereia, a coroa-tiara que ganhou da baleia que nós salvamos com a dança, ou do colar brilhante que a água viva deu de presente.
Nos preparamos para adentrar o espaço de dança e cantamos com o movimento que mostra o caminho. Com a bolinha despertamos e reconhecemos as partes do corpo, aquilo muito miúdo que com círculos ou tapinhas vamos acordando.
Preparamos nossa cauda de sereia, e a partir dela, cantamos para os pés, braços e gestos do ballet, que aos poucos movimentam o todo em correspondência. Brincamos de estátua, por onde o corpo vai aprendendo o tempo expandido de ver, reconhecendo o movimento e encontrando, pela experiência, a forma da própria expressão.
Da bolsa mágica surge a água marinha e os elementos que sustentam a investigação da nossa dança. Brincamos com o ritmo da valsa, ganhamos liberdade para expandir pelo espaço, dando vasão ao o que sabemos e ao o que ainda não sabemos sobre o movimento que pede passagem.
Quando chega a hora de abrir o mar, de girar junto, os seres encantados se apresentam novamente e nós, depois de muito tempo buscando o encontro com o giro, giramos. É bonito como tudo o que é simples e imenso, pois respira inteiro e constante como o mar.
Li Scobár.