Relato sobre a trajetória do projeto de artes, escrito pela nossa coordenadora Greice Martins.
A partir da reunião com a assessora de artes Fernanda Assumpção, fomos apresentados ao tema norteador para a nossa exposição de artes – Japão. Fernanda nos trouxe uma apresentação que contextualizou um pouco sobre a geografia do país e elementos que fazem parte da cultura japonesa, discorrendo sobre seus significados e a importância na manutenção da tradição aliada à evolução tecnológica.
Para nos aproximar ainda mais desta cultura tão singular e nos auxiliar na escolha do tema, fizemos uma visita à Casa do Japão, situada na Av. Paulista, que contou com uma exposição intitulada, “Aromas e Sabores”.
A seguir, relato minha experiência sobre esta visita:
Ao chegar na Casa do Japão, me deparei com um espaço todo dedicado à cultura japonesa. Na entrada, uma pequena exposição de uma marca de utensílios domésticos, vestuário e objetos de decoração, marcaram o início da visita.
Ainda neste setor, somos convidados a percorrer por uma extensa prateleira com diversos livros sobre a cultura local, que podiam ser utilizados no espaço para consulta e apreciação. Além disso, uma pequena cafeteria com doces e chás japoneses, contemplou o início desta vivencia.
Após esta primeira ambientação, fomos recebidos pela guia Iara, que nos levou à exposição “Aromas e Sabores”, no terceiro andar da casa.
A exibição trouxe, a meu ver, uma proposta lúdica e bastante didática, dos diversos tipos de cheiros, aromas e sabores.
A primeira experiência foi a identificação dos gostos do paladar humano, um deles chamado “Umami”, de origem japonesa, que significa gosto agradável. Iara nos contou que o ingrediente que mais se aproxima do sabor Umami, é o glutamato monossódico. Após a contextualização do gosto Umami, fomos convidados a experimentar uma alga que é considerada Umami na cultura japonesa.
Achei o sabor diferente, mas não umami!
Seguindo ainda nesta proposta de identificação, tivemos que descobrir sabores a partir da degustação de uma gelatina específica, nela deveríamos tentar reconhecer os quatro ingredientes que haviam em sua composição: Morango, abacaxi, grama cortada, queijo e algodão doce. Só consegui identificar o sabor de abacaxi!
Dando continuidade, participamos de uma experiência às cegas, quatro gelatinas de cores iguais estavam dispostas aos visitantes com o intuito de reconhecer os sabores que elas carregavam: wasabi, uva japonesa, melão e shoyo. Uma estação que necessitou estarmos mais atentos à um dos nossos sentidos, o paladar. Foi muito interessante!
Isso me fez refletir o quanto em nossa cultura não estamos habituados a degustar alimentos, percebendo seus sabores e as sensações que o paladar provoca em nosso corpo.
Além disso, a estação me fez perceber que os sabores são significados e valorizados de maneiras diferentes de acordo com as culturas.
Seguimos então para a segunda etapa da exposição, nesta proposta seis fendas de cores diferentes carregavam uma fragrância específica, Iara nos ajudou a entender a diferença entre fragrância e aroma. Descobrimos que a palavra fragrância é usada para os cheiros de elementos que não são comestíveis e aroma é usado para os cheiros que nos remetem aos alimentos. Assim, por meio do olfato, fomos convidados a descobrir seis tipos de fragrâncias.
Para finalizar o percurso, participamos da última estação que foi o Labirinto Olfativo, criado pela artista japonesa Maki Ueda. Pequenos frascos com um líquido cor de rosa, pendurados de forma organizada, nos permitiu percorrer entre eles a fim de descobrirmos o cheiro das árvores cerejeiras, sakuras, árvore típica japonesa. Quanto mais distante dos frascos ficávamos, mais suave era o perfume.
Iara nos contextualizou que o objetivo destas estações, segundo Ueda, foi trazer por meio do cheiro, as nossas memórias, emoções, percepções e experiências.
Esta vivencia me fez lembrar do escritor francês, Marcel Proust, que atribuiu ao paladar e ao olfato a função de ativar as memórias do passado.
Após saborear uma madeleine, bolinho francês com uma xícara de chá, Proust se recordou de sua infância e segundo o autor, após este singelo momento, nasceu sua celebre obra, “Em busca do tempo perdido”.
A casa do Japão foi um disparador que auxiliou a aguçar nossos sentidos. Acredito que as oficinas contribuirão ainda mais para lapidar o nosso olhar na escolha do tema e realizar projetos que possam transmitir essa cultura ao mesmo tempo delicada, marcante e cheia de significado.
Para saber mais sobre o nosso projeto de artes, clique aqui, e para ler o primeiro relato da nossa assessora de artes Fernanda Assumpção, clique aqui, para ler o relato da nossa Diretora Pedagógica, Maria João, clique aqui, para ler o relato da nossa treinadora Canadense, Elaine Beltran, clique aqui, e para ler o relato da nossa Diretora Administrativa, Lisiane Niero, clique aqui.