Faço caminhos todos os dias. Adentro o espaço da infância, de rizomas labirínticos, monstros, ruídos, beleza e grande simplicidade. Lugares por onde o encontro pode se dar e se ausentar de diversas maneiras.
Aliada ao o que pode o encontro, me sustento através de linhas de força onde a narrativa pode apontar jornadas, asas e janelas abertas, desfazendo o tédio e o nó do desinteresse.
Numa de nossas manhãs o farol da história se apagou enquanto a noite chegava.
Barcos poderiam bater desavisados em rochas. Nosso personagem enfrentou seu maior medo. Das alturas, adentrou o farol ao nosso alívio, trazendo de volta sua habilidade de tornar visível o caminho.
Em noites de vento e tempestades, uma luz aponta por onde seguir quando nos perdemos e nada vemos.
Na nossa sala habitam muitos ruídos e interferências que espantam a visão da escuta. O desafio é tecer incansavelmente espaço para a voz e o silêncio habitarem a roda do encontro e assim ocupar espaço de tessitura e aprendizado.
Ele levantou antes do fim da história e se fechou no banheiro. Ela continuou, pois ninguém sabia se o personagem conseguiria ir adiante e acender o farol a tempo.
Ele saiu do banheiro com a ajuda de um gesto de delicadeza da professora, e para sua surpresa, no centro da sala, se acendeu um grande abraço coletivo à sua espera.
– Você é importante.
E assim chegou a hora do playground.
Li Scobár.